segunda-feira, 4 de fevereiro de 2019

O sentimento de “ser mãe” é universal – Jizo e o Natal - Instagram


Abraço fraterno a todas as mães de anjo.

Não escrevi nada no Natal, pois esta é uma data cheia de emoções.
Este post é mais para relatar algumas curiosidades no uso do Instagram.

Gostaria de agradecer a todos que estão nos seguindo no Instagram pelo perfil @jardimdosmizukos. Estamos sendo seguidos inclusive por japoneses, alguns deles sacerdotes budistas (@tokuzouji.sanoshi, @teawase) alguns destes monges tem templos dedicados a Jizo e prestam o serviço de Mizuko-kuyo. Também outros nos seguem indiretamente como o @kongoji_iwata e o @buddhastory2018 (este último do mestre Hai-tao do budismo Cha'n). Rev. Hondaku do Brasil (budismo Terra pura japonês) também esta nos seguindo no Instagram. Estamos muito honrados que monges budistas estejam nos seguindo. Não imaginávamos que eles nos procurariam, acredito que Jizo tenha gerado este Dharma.

Buddhahastory2018 do Rev. Hai Tao, Tewase (templo Jokenji) da cidade de Iwate trabalha no apoio às crianças e idosos atingidos pelo tsunami de 2011, templo Tokuzou-ji que recentemente inaugurou seu memorial de Mizuko-jizo e monta quebra-cabeças de mil peças (sumiu do instagram).

Também tem muitos aficionados por Jizo Bosatsu, um deles é o @ecojizo.h que faz imagens de Jizo com materiais reciclados. Alguns escultores que fazem esculturas lindas como @jizo.healing, @nakasyoji, @tsuchiyaseiichi, @okuda_gyosei_com, @keisenkatsurano. E a @dana_present que é dos Países Baixos (Holanda), ela faz bonecos de Jizo muito fofos. Tem o @jizoandchibi, que confecciona joias artesanais de Jizo e Chibi, da California USA (link). Também ao grupos de apoio a perda gestacional, Voe Alto Meu Anjinho, Amada Helena, Instituto Amor Nosso, Sobreviver, Renascer. Grupos estes que já conhecemos pelo trabalho no apoio aos que tiveram perda gestacional e neonatal (estamos redigindo uma lista com estes grupos). É muito bom ter contato com diversas cultura e diversas pessoas que tem admiração por Jizo e Kannon. Tem muitos outros que não consigo listar aqui e farei um post só para o Instagram.

O Instagram é uma ferramenta ótima, permite a tradução do que esta escrito em várias línguas. Consequentemente começamos a colocar hashtag “#” em japonês (#水子地蔵 ; #地蔵 ; #お地蔵様 ; #お地蔵さん ; #お地蔵 ; #水子) e em inglês (#pregnancyloss) para interagir com outras culturas. Foi através das “#” que tomamos o conhecimento de muita coisa interessante ligando o Budismo e o Natal, também pelas “#水子供養(#mizukokuyo) conseguimos ler o relato de mães japonesas que vieram a perder o bebê e fizeram o cerimonial de mizuko-kuyo (falarei disto em outro post - Link).

Na hashtag #水子供養 percebi uma coisa, a mãe japonesa tem as mesmas duvidas, as mesmas reações, as mesmas angustias e dores que as mães no Brasil. Já tinha constatado o mesmo fenômeno na Europa e nos EUA (USA). Por exemplo, ler os relatos da “#水子供養(#mizuko-kuyo) é como ler os relatos das mães dos grupos de apoio a perda gestacional. Com isto percebemos que o sentimento de mães é UNIVERSAL. Este sentimento não inicia com o nascimento da criança, mas antes, no momento em que recebemos o HCG positivo. Independente da etnia, cultura, tradição, povo, saber que vai ser mãe muda a cabeça de qualquer mulher. Me emocionei muito ao constatar este fato. Eu que algum tempo não chorava, voltei a chorar ao ler o depoimento destas mães, longe geograficamente, mas próximas de nós na dor. Meu coração se encheu de compaixão e empatia.

Outro fenômeno notado nas “#” em japonês no final do ano é a forma como os japoneses comemoram o natal. Interessante o quanto uma festa originalmente cristã influencia outras culturas chegando até mesmo a influenciar outras crenças. Você pode pensar que não há relação nenhuma do budismo com o natal, mas não vamos muito longe, no Brasil importamos vários festejos (Exemplo: Hallowenn). O Japão é influenciado pelas crenças, budistas, shintoistas, taoistas e confucionistas, são poucos os cristãos. Com relação ao natal no Japão, esta é mais uma data comercial. É uma data para trocar pequenas lembrancinhas com quem temos mais afeição, alguns namorados aproveitam a data para fazer um jantar romântico.

Um fenômeno que achei interessante, ver que alguns templos budistas japoneses fazem pequenas referências a data originalmente “cristã”. Alguns enfeitam até com árvores de natal, outros tem figuras natalinas, encontramos até mesmo Jizo Bosatva vestido de papai-noel (link, link). Consequentemente encontramos em templos budistas que realizam o serviço de Mizuko-kuyo várias fotos de presentinho de natal enviadas pelos pais aos mizukos. Parece uma cena surreal, os mizukos ganhando presente de natal, mas é um fato, os templos japoneses ficam cheios de presentinhos.

Árvores de Natal, Jizo vestido de Papai Noel, presentes de Natal em templo para os Mizukos. Imagens extraídas do Instagram


Não vejo nisto um desrespeito com a prática cristã, ou como uma perda de significado, vejo como uma contribuição cultural interessante. Pelo que conheço de budismo, esta religião tem uma capacidade grande de se adaptar a culturas, isto aconteceu ao longo dos anos a medida que diferentes culturas absorveram o budismo. Uma cultura agrega a outra. Um exemplo, “Lo Dia de los muertos” no México, uma cultura herdada dos nativos da região adaptada ao catolicismo. A lavagem das escadarias da igreja do Bomfim na Bahia, outro exemplo.

Na cultura japonesa os “mizukos” são as crianças que estão em outros planos de existência, os pais não deixaram de cuidar do seu bem estar no mundo “espiritual” (no budismo se usa outro termo, seis reinos). Acredita-se que as crianças perdidas tem uma vida em outro plano e interagem com nosso mundo, portanto elas recebem presentes como receberiam caso estivessem vivos. Os mizukos recebem pequenos agradinhos no dia das crianças, no Natal, nos finados e em outras datas. Os monges não questionam, mesmo que a origem remeta a uma prática cristã, pois a compaixão com todos os seres, principalmente com os mizukos, é o foco principal. Tal procedimento conforta a alma dos pais.



Sempre digo que pratica do Mizuko-kuyo podem servir de inspiração para outras crenças. Você não precisa acreditar em buda, pode continuar acreditando na sua forma de ver Deus, seja ela na crença católica, protestante, espírita, wicca ou outra religião, mas pode adaptar a ideia do Mizuko-kuyo e alguns conceitos a sua crença. O que importa é que sua alma e a alma do seu anjinho fique confortável.

Estas foram as minhas impressões nestas festas de final de ano.

Gassho

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