segunda-feira, 15 de outubro de 2018

15 de outubro, gratidão, grupo Sobreviver e Mizuko-kuyo


Considerações sobre o 15 de outubro, agradecimentos e considerações sobre o budismo e o Mizuko-kuyo

Bom dia pais e mães!

Mês de outubro esta sendo muito intenso para nós, dia das crianças, dia Internacional da Sensibilização da Perda Gestacional e Neonatal, completou-se um ano que nosso Mizuko ("anjo") nos deu um breve oi. Foi um “olá” que mudou nossas vidas, não da forma que gostaríamos, mas uma coisa é certa, encheu nosso coração de amor, impulsionou este blog e inspirou outras mães e pais.
Apesar do imenso vazio que sentimos, lacuna esta que talvez nada preencha e apenas aprendamos a conviver com ela, espalhamos a empatia, a compaixão, principalmente aos mizukos e aos seus pais. Temos muitos pais para abraçar nesta causa, não que isto seja um mérito, pois acreditamos que ninguém deseja passar por esta experiência, mas porque ainda temos muito que esclarecer sobre esta realidade que ainda é tratada como um tabu por nossa sociedade.
Este blog nasceu durante a elaboração de um luto e após a tomarmos o conhecimento de uma prática do budismo japonês chamado Mizuko-kuyo. Todo o processo que levou a nossas tentativas de engravidar até nosso processo de elaboração do luto teve o apoio dos conselhos de uma pessoa, monja Isshin, que a exemplo de bodisatva Kannon, escutou nosso lamento, nos amparou permitindo que vivêssemos nosso luto.
É por isto que este blog tem os ensinamentos budistas como inspiração, pois esta é uma crença que surgiu do anseio de encontrar as respostas para o sofrimento da humanidade. O que os pais que perderam os filhos mais precisam é de encontrar respostas para os seus anseios, e acreditamos que o budismo consegue dar respostas muito satisfatórias com relação a isto.
Também devemos muito aos grupos de apoio nas redes sociais, principalmente a bem administrado grupo Sobreviver que nos permitiu um local de escuta e acolhida. Realmente nos sentimos abraçados, lá podemos dar vazão aos nossos sentimentos. Foi no blog do grupo Sobreviver que a um pouco menos de um ano publicamos a matéria “Perda Gestacional na Cultura japonesa e o Mizuko-kuyo”.
Para nossa surpresa este mês uma mãe publicou na página do Grupo Sobreviver seu relato (Somos oito – Um relato sobre como ressignificar o luto das perdas precoces) de como ressignificou suas perdas gestacionais inspirados no exemplo da prática do Mizuko-kuyo. Ficamos felizes que tenhamos ajudado e inspirado outros pais a ressignificar seu luto e a homenagear a passagem de seus filhos nesta existência.
Como gostamos de enfatizar, creditamos que exemplos como a pratica japonesa do Mizuko-kuyo possa servir não só de inspiração, mas como uma ferramenta de elaboração do luto parental e para que os próprios pais possam também quebrar os tabus das perdas gestacionais e neonatais. Que nós possamos celebrar a passagem de nossos mizukos (“anjos”, “estrelinhas”) de forma tão respeitosa e espontânea quanto os japoneses o fazem. Sei que a cultura japonesa (influenciada pelo confucionismo, taoismo, xintoismo e budismo) é muito diferente da nossa, mas que possamos aprender com o que tem de melhor nesta cultura.
Gostaria de fazer um apelo especial a todos, que também abrace a causa da Conscientização da Perda Gestacional e pensem carinhosamente nos benefícios de práticas que acolham os pais enlutados. Como num exemplo de compaixão devemos acolher estes pais enlutados, assim como a todos os seres que por mais breve que tenha sido sua passagem por este reino da existência (mesmo como um embrião), ainda sim merecem toda a compaixão e respeito.

Gassho.





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