Considerações sobre o 15 de outubro, agradecimentos e
considerações sobre o budismo e o Mizuko-kuyo
Bom dia pais e mães!
Mês de outubro esta sendo muito intenso para nós, dia das crianças,
dia Internacional da Sensibilização da Perda Gestacional e
Neonatal, completou-se um ano que nosso Mizuko ("anjo") nos deu um breve oi.
Foi um “olá” que mudou nossas vidas, não da forma que
gostaríamos, mas uma coisa é certa, encheu nosso coração de amor,
impulsionou este blog e inspirou outras mães e pais.
Apesar do imenso vazio que sentimos, lacuna esta que talvez nada
preencha e apenas aprendamos a conviver com ela, espalhamos a
empatia, a compaixão, principalmente aos
mizukos e aos seus pais. Temos muitos pais para abraçar nesta causa,
não que isto seja um mérito, pois acreditamos que ninguém deseja
passar por esta experiência, mas porque ainda temos muito que
esclarecer sobre esta realidade que ainda é tratada como um tabu por
nossa sociedade.
Este blog nasceu durante a elaboração de um luto e após a tomarmos
o conhecimento de uma prática do budismo japonês chamado
Mizuko-kuyo. Todo o processo que levou a nossas tentativas de
engravidar até nosso processo de elaboração do luto teve o apoio
dos conselhos de uma pessoa, monja Isshin, que a exemplo de bodisatva Kannon, escutou nosso lamento, nos amparou permitindo que
vivêssemos nosso luto.
É por isto que este blog tem os ensinamentos budistas como
inspiração, pois esta é uma crença que surgiu do anseio de
encontrar as respostas para o sofrimento da humanidade. O que os pais
que perderam os filhos mais precisam é de encontrar respostas para
os seus anseios, e acreditamos que o budismo consegue dar respostas
muito satisfatórias com relação a isto.
Também
devemos muito aos grupos de apoio nas redes sociais, principalmente a
bem administrado grupo Sobreviver que nos permitiu um local de escuta
e acolhida. Realmente nos sentimos abraçados, lá podemos dar vazão
aos nossos sentimentos. Foi no blog do grupo Sobreviver que a um
pouco menos de um ano publicamos a matéria “Perda Gestacional na Cultura japonesa e o Mizuko-kuyo”.
Para
nossa surpresa este mês uma mãe publicou na página do Grupo
Sobreviver seu relato (Somos oito – Um relato sobre como ressignificar o luto das perdas precoces)
de como ressignificou suas perdas gestacionais inspirados no exemplo da prática do
Mizuko-kuyo. Ficamos felizes que tenhamos ajudado e inspirado outros
pais a ressignificar seu luto e a homenagear a passagem de seus
filhos nesta existência.
Como gostamos de enfatizar, creditamos que exemplos como a pratica
japonesa do Mizuko-kuyo possa servir não só de inspiração, mas
como uma ferramenta de elaboração do luto parental e para que os
próprios pais possam também quebrar os tabus das perdas
gestacionais e neonatais. Que nós possamos celebrar a passagem de
nossos mizukos (“anjos”, “estrelinhas”) de forma tão
respeitosa e espontânea quanto os japoneses o fazem. Sei que a
cultura japonesa (influenciada pelo confucionismo, taoismo, xintoismo
e budismo) é muito diferente da nossa, mas que possamos aprender com
o que tem de melhor nesta cultura.
Gostaria de fazer um apelo especial a todos, que também abrace a
causa da Conscientização da Perda Gestacional e pensem
carinhosamente nos benefícios de práticas que acolham os pais enlutados. Como num exemplo de compaixão devemos acolher estes pais enlutados, assim como a todos os seres que por
mais breve que tenha sido sua passagem por este reino da existência
(mesmo como um embrião), ainda sim merecem toda a compaixão e
respeito.
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